Aos
que não sabem, devo dizer que meu bisavô por parte de pai era argelino. Não é
Argemiro nem argentino, aos que lerem com pressa. Ele era ar-ge-li-no, pois
obviamente nasceu na Argélia.
Talvez
venha daí o meu biotipo, meio indiano, meio árabe, sei lá. Não tenho cabelo
pixaim o suficiente pra ser um crioulo, nem tenho a pele clara pra ser um
branquelinho. Fiquei no meio termo. Segundo o IBGE sou “pardo” (isto é cor? Na
minha caixa de lápis de cor Caran D´Ache não tinha essa tonalidade. E olha que
tinha 60 cores). Bom, deixa isso pra lá. O que importa agora é uma receita que
aprendi a fazer, por conta de minhas visitas a Rotisseria Sírio-libanesa, que a
maioria dos amigos conhecem por “Lanchonete do Brimo”, lá no Largo do Machado,
na Galeria Condor.
Claro
que os proprietários não me deram a receita – mesmo sendo um deles amigo e fiel
integrante da raça rubro-negra. Por isso, tive que aprender fazendo e fui
aperfeiçoando, buscando nas especiarias, o sabor do oriente, imaginando o bisa
saboreando esta delícia, apreciando alguma odalisca dançando a dança-do-ventre.
Originariamente,
a kafta utiliza a carne de cordeiro, mas desta vez, por questões econômicas e
logísticas (nem todo açougue perto de casa tem carne de cordeiro), vamos usar a
carne de gado. Um detalhe importante é que preferencialmente se use uma grelha
para grelhar as katas. É bem melhor, pois da vez que fiz na frigideira, Cecília
quase ficou histérica com a sujeirada que a fritura fez no fogão. Por isso, eu
prefiro agora fazer na grelha, meu churrasquinho de carne moída.
Então,
vamos aos ingredientes:
500gr de “patinho” moído
500gr de acém moído
1 cebola grande bem
picada
1 colher de sopa de alho
em flocos
1 colher de canela em pó
1 limão tahiti (suco)
1 colher de sopa de zatar
Folhas de hortelã
picadinha
Noz moscada e sal a gosto
Espetinhos de madeira ou
bambu
20ml de azeite
Obs.: Se quiser, pode
substituir a noz moscada por pimenta do reino moída. A zatar também pode ser
substiuída por ½ maço de salsinha Mas a zatar é melhor realça o sabor
consideravelmente. É um pouco cara, mas o custo benefício é compensador.
Fazendo
Em um recipiente,
coloque as carnes e misture-as. O acém, por conter um pouquinho mais de
gordura, dá uma liga importante na consistência da kafta. Adicione a cebola
picada e os demais ingredientes. Deixe para colocar o suco de limão por último.
Misture tudo até formar uma massa homogênea.
Faça pequenas bolas com
a massa de carne e enrole-as nas mãos, em forma de charutos. Não precisa ser
muito grande. Pegue o palito e atravesse a kafta, de ponta a ponta, tomando
cuidado para não desmanchá-la. Aperte as duas extremidades. Pincele-a com o
azeite e separe. Repita este procedimento com toda a carne.
A grelha deverá estar
bem aquecida, tomando-se o cuidado para que as chamas não estejam altas e
queime a carne. Lembre-se o calor é quem deve assar a carne, de maneira que ela
fique suculenta e não perca o caldo. Coloque os palitos com as kaftas na grelha
e deixe por uns 15 minutos, girando-as para que grelhem por igual. Sirva ainda
quente, tão logo esteja pronto.
Este prato pode ser
acompanhado com pão folha (um pão sírio, de massa bem fina) e geléia de
hortelã. Também fica muito bom, se acompanhado de arroz com lentilhas e molho
de carne e cebola – como é feito lá na “lanchonete do brimo”.
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