Friday, May 31, 2013

A Arte e a Gastronomia

Adolf Reich - the porcelain collector - 20th century

Alexander Saidoff
Artist Edward Minoff
Sherry McGraw
Józef Mehoffer

Azeite - Lendas e Curiosidades

 
   Desde sempre, a oliveira tem estado associada a práticas religiosas, a mitos e tradições, a manifestações artísticas e culturais, a usos medicinais e gastronômicos. Na antiga Grécia, as mulheres, quando queriam engravidar passavam longos períodos de tempo à sombra das oliveiras. Da madeira das oliveiras faziam-se cetros reais e com o Azeite ungiam-se monarcas, sacerdotes e atletas. Com as folhas faziam-se grinaldas e coroas para os vencedores.
     A oliveira era considerada símbolo de sabedoria, paz, abundância e glória.
    Os egípcios, há seis mil anos, atribuíam a Ísis, mulher de Osíris, Deus supremo da sua mitologia, o mérito de ensinar a cultivar a oliveira. Na lenda grega Palas Atenea, Deusa da paz e sabedoria, filha de Zeus, era para os Gregos a mãe da árvore sob a qual teriam nascido Remo e Rômulo, descendentes dos Deuses e fundadores de Roma, tendo feito brotar a oliveira de um golpe e, na sua grande bondade, ensinado o seu cultivo e o seu uso.
Por sua vez Minerva oferece aos romanos este presente divino, asilo também da divindade.
Cantaram a oliveira Homero, Esquilo, Sófocles, Virgílio, Ovído e Plínio:
 
   "E com um ramo de oliveira o homem se purifica totalmente."
Virgílio,
Eneida.

    "Uma gloriosa árvore floresce na nossa terra dórica: Nossa doce, prateada ama de leite, a oliveira. Nascida sozinha e imortal, sem temer inimigos, a sua força eterna desafia velhacos jovens e idosos, pois Zeus e Atena a protegem com olhos insones"
Sófocles,
Édipo.


     Em quase todas as religiões se fala da oliveira, árvore de civilizações longínquas, que tem lugar nos textos mais antigos:

  • no "Gênesis" a pomba de Noé traz no bico um ramo de oliveira para lhe mostrar que o mundo revive.
  • No "Êxodo", Yaveh prescreve a Moisés a "Santa Unção" na qual o Azeite se mistura com perfumes raros.
  • No horto de Getsemani vivem ainda oito grandes oliveiras que viram rezar, chorar e morrer Cristo.
  • Também o Corão canta a árvore que nasce no monte Sinai e refere-se ao óleo que dela se extrai para ser transformado em luz de candeia "que parece um astro rutilante".
Foi sempre patrimônio dos países mediterrâneos, mas hoje em dia encontra-se disseminada um pouco por toda a parte, desde a Argentina, Austrália, Chile, Estados Unidos da América, até ao Japão, México, China e República da África do Sul, entre outros.

Texto extraído do site: https://www.clubedoazeite.com.br/

Photo of the day

Dag Hecht - Pep...

Tuesday, May 28, 2013

Inusitados Objetos de Desejo






Carré de cordeiro na grelha

 

Mestres em culinária, os franceses são também amantes da carne de cordeiro e criaram um dos modelos de corte preferidos dos chefs. Nele, as partes mais valorizadas como o carré francês, o pernil e o filé são muito bem aproveitados.
A receita de hoje, falaremos do carré de cordeiro; um corte especial, que nem sempre é encontrado nos supermercados, mas se você tiver um bom açougue em sua cidade e amizade com o açougueiro, peça-lhe que prepare o carré, deixando-o inteiro, conforme na foto.
Seu corte é retirado entre a sexta e a décima-terceira costela do lombo e também, conhecido como french rack, ou corte francês. Extremamente macio, saboroso e suculento, é ideal para churrascos e grelhados. Com alto nível proteico e baixo colesterol, é uma carne versátil, mas que deve ser tratada com muito cuidado. Segundo Marcelo Favaro, chef do Barbacoa, de São Paulo, o ponto ideal para ela ficar mais suculenta é aquele que tende para o malpassado. Para temperar, Marcelo recomenda triturar levemente o sal grosso. “Assim, o sal penetra na carne de maneira mais uniforme”, diz o chef.
A receita de hoje, é para ser usada na churrasqueira, usando um fogo brando como todo bom assado deve ser feito.

Ingredientes
1 peça de carré de cordeiro no corte francês
1 maço de hortelã
¼ de maço de alecrim
½ maço de manjericão
½ maço de tomilho
2 cebolas cortadas em cubos grandes
Sal a gosto
Pimenta do reino a gosto
5 dentes de alho
1 garrafa de vinho tinto seco

Fazendo
Limpe a peça de carré e disponha-a em uma vasilha grande. Tempere-a com sal e em seguida cubra-a com todas as ervas já lavadas e a cebola. Amasse com a lateral da faca o zimbro, a pimenta e os dentes de alho e espalhe por cima do cordeiro. Deixe apurando por cerca de meia hora. Em seguida, coloque a peça em um saco plástico grande de cozinha e regue com o vinho e leve à geladeira. Mantenha a peça na marinada por 24 horas, virando o saco plástico de vez em quando.
O carré deve ser assado com a brasa bem forte, porém, sem chamas. Afinal, a carne deve ser assada para que fique bem dourada por fora e suculenta por dentro. Finalize com uma camada de salsinha picada sobre a peça.
Para acompanhar, você pode usar um bom molho. Indicamos dois. Veja a seguir:


Molho de iogurte e menta
1 pote de iogurte natural
folhas de menta bem picadas
1 pimenta dedo de moça picada (sem semente)
1 colher de chá de coentro bem picado
1 colher de chá de açúcar
1 dente de alho picado
1 pitada de sal

Molho Harissa
2 pimentas dedo de moça picadas (sem sementes)
¼ de colher de chá de cominho em pó
2 colheres de chá de sal grosso
1 dente de alho picado
Azeite de oliva extra virgem

Fazendo
Molho de iogurte e menta: misture numa tigela partes iguais de menta, coentro, alho e pimenta dedo de moça. Junte o iogurte, açúcar, sal e misture bem.

Molho Harissa: misture numa tigela a pimenta dedo de moça, o sal grosso, alho, azeite e cominho.

Monday, May 27, 2013

Uma pizza com assinatura - Ana D'Andrea

 

Quem está na lida da culinária profissional, às vezes tem o final de semana para fazer suas experiências e também, vencer desafios. Afinal, experimentar pode significar inventar, criar, copiar e mudar temperos e sabores, adicionando sempre, sua sensibilidade e sentimento na criação. Não raro, é possível criarmos algo que nos traga satisfação, mas é o público mais próximo – no caso amigos e familiares – que dará o veredicto final.
Desta vez, foi minha querida amiga Chef Panittiere Ana D’Andrea, paulistana, descendente de italianos, que iniciou sua vida profissional como arquiteta, mas rendeu-se a outra arte não menos criativa e requer esmero em todos os detalhes – a gastronomia.
Ana teve como desafio, criar uma receita inédita e light. Pronto! Bastou conversar com seu amigo Patrick e elaborar três receitas com base no prato mais famoso da receita italiana – a Pizza.
Já tinha tempo que eu queria publicar uma de suas fantásticas receitas e agora escolhemos uma nestes dias de frio, nos pareceu a mais deliciosa, apesar de ficarmos na dúvida quanto a nossa suposta “convicção”. A vedete de hoje, aqui no blog é a pizza de salmão defumado com tomates e alcaparras.
Calma, já sei! Você já quer logo a receita, não é mesmo!? Então anote aí.

Ingredientes - Cobertura
150g de salmão defumado fatiado
2 tomates médios cortados em fatias
1 colher de sopa de alcaparras
2 conchas de molho de tomate

Ingredientes - Massa
1 ½ xícara de farinha de trigo
1 colher de café de fermento biológico
2 colheres de sopa de azeite
Sal a gosto

Fazendo
Em uma forma redonda, coloque a farinha de trigo, o fermento e o sal. Abra um “buraco” no meio e coloque o óleo. Misture a massa com as mãos como se estivesse fazendo pão. A massa estará no ponto, quando estiver soltando de suas mãos. Cubra a forma e deixe descansando por mais ou menos 30 minutos, até que a massa cresça.
Unte a forma de pizza com um pouco de azeite. Abra a massa com a mão sobre a forma, de forma rústica. Leve ao forno, pré-aquecido a 180ºC por uns 15 minutos, para assar a massa. Retire do forno e prepare a cobertura. Espalhe o molho de tomate, enrole as fatias de salmão formando “flores”, espalhe as alcaparras e regue generosamente com azeite. Leve ao forno em fogo médio até derreter a muçarela. Sirva imediatamente!

Saturday, May 25, 2013

Jantar a dois - por Luiz C. Machado


O casal entra no restaurante chique. A decoração sugere que os preços sejam compatíveis com o bom gosto assinado pela decoradora de renome nacional. Requintado, porém sem exageros. Era aniversário de casamento do casal e resolveram comemorar com um jantar íntimo. Só os dois. Os filhos ficaram em casa. A recepção para os amigos e parentes foi adiada para o fim de semana. Casa cheia como sempre. Hoje não teria bagunça, confusão, gente falando alto, meninos correndo pela casa. Hoje, a noite seria só deles. O restaurante chique. Um dos mais caros de Brasília (assim imaginavam). As amigas morreriam de inveja e reclamariam com os maridos que nunca as levaram lá. Inveja é uma merda! Talvez não contasse nada. Ele certamente contaria aos amigos. Afinal, cartão de crédito serve para estes momentos. Trinta anos de casados não são trinta dias. Nos dias de hoje isso é uma raridade.
O cardápio trazia pratos com nomes estranhos a sua dieta diária. Mas pareciam interessantes, mesmo que não soubessem o que signifavam. Ficariam com vergonha de perguntar ao maître. Poule au pot, salmão escalfado com manteiga de dill, picatta de vitelo alla milanese, batatas macaire, lasagna di carnevale napolitana, etc, etc, etc... faziam parte da lista de especialidades. Ai,ai,ai, meu Deus! Os olhinhos atônitos dela olhavam tanto para a coluna da esquerda quanto para o da direita. Melhor seria pedir o couvert enquanto não decidissem. Assim foi feito. Brioches, manteiga de bolinha com ervas, patê de fois-gras, legumes em conserva e outras coisinhas mais, compunham a entrada. Ela esqueceu-se de olhar a coluna da direita do cardápio. Couvert? Não sabia o quanto agregaria ao resultado final do jantar. Não importa. Ele estava com o cartão de crédito e hoje era um dia especial, pôxa!
Continuaram a olhar o cardápio e finalmente encontraram um prato que certamente não teria como não dar certo: Spaghetti com frutos do mar. Assim estava escrito, bem simples. E como não havia nenhuma restrição por parte deles, em relação aos frutos do mar, estava decidido. Pedido feito. Com o entusiasmo de quem parecia ter escolhido o melhor do cardápio. Desta vez ela olhou para a coluna da direita. Estava compatível com o lugar. Meio caro, mas lembrou-se do cartão. Abençoado. Desta vez, aceitaram a sugestão do maître, quanto à indicação de um bom vinho – com um preço compatível com prato que pediram. Uma percepção que um bom profissional da área deve possuir para não constranger seus clientes.
Trocaram olhares como adolescentes, as mãos se entrelaçaram com carinho. Apreciavam os detalhes do ambiente. Os abajures, os quadros, a iluminação sóbria, o silêncio – quase não se ouvia barulho, as pessoas conversavam baixinho, com discrição. Trinta anos não são trinta dias. A vida passava em um filme em suas mentes. Riam de si mesmos. Lembravam-se dos momentos de dificuldades que atravessaram juntos, dos momentos de alegrias que viveram juntos. Das perdas, da chegada dos netos; enfim, uma retrospectiva que durou não mais do que o tempo da chegada do jantar.
O spaguetti chegou com aquela fumacinha peculiar. Um prato para cada um, como é comum em restaurantes que servem à francesa. O aroma estava deliciosamente sugestivo. Dava água na boca só de imaginar o sabor. Deliciaram-se com a fina pasta. Brindaram às suas saúdes – que fosse a mais duradoura possível, pois queriam comemorar os cinquenta anos de casados. Feliz casal.
Difícil falar nesta hora, não é mesmo? Pois foi assim que eles estavam, quase em silêncio, cada um saboreando sua pasta. Apenas se olhavam e cada um entendia o que o outro estava sentindo. Brindaram mais uma vez e desta vez, comentaram que estava uma delícia. Precisavam voltar ali outra vez. Quem sabe depois de pagar o cartão?
De longe o maître os observava. Sorria por ver um casal feliz. Ele que está acostumado a ver um tanto de clientes, dos mais variados estilos, com pouco ou muita educação, irritados e gentis, casais ou amantes, ricos solitários, uma diversidade de tipos que certamente alguém poderia fazer um filme sobre isso. Ele até pensou em escrever algo, mas sua aptidão em escrever não é lá essas coisas. Melhor atender bem seus clientes, que é o que ele sabe fazer de melhor.
Sobremesa? Não. Não havia necessidade. Um bom café seria excelente para fechar a noite. Estava uma delícia! Elogiou a mulher ao garçon – que mudo estava e mudo ficou; apenas um simpático sorriso de agradecimento.
A conta chega e é paga com um sentimento de vitória. Estava paga, bem paga e paga com satisfação. Feliz casal que comemorou seu aniversário de casamento patrocinado pelo cartão de crédito – o abençoado.
Levantaram-se da mesa com os agradecimentos do maître e desejos de breve retorno. Foram caminhando para casa, devagar como dois namorados, abraçadinhos, conversando sobre suas vidas, fazendo planos, sonhando, rindo de suas vidas.
Uma cena do cotidiano urbano.

Luiz C. Machado