Quem
não gosta de bolinho de bacalhau? Não sei. É bem provável que
exista; mas se existe, eu não conheço. Um petisco que faz parte da
mesa do brasileiro, trazida por um português, chamado Carlos
Bandeira de Melo, oficial do exército português. E que em 1904
escreveu o livro Tratado de Cozinha e Copa, oficializando a receita
deste prato, típico da gastronomia portuguesa. A obra de Carlos Melo
( que adotava o pseudônimo de Carlos Bento da Maia) entrou para a
história como a primeira a apresentar uma receita do prato.
“(…)
Toma-se o bacalhau cozido, limpa-se de peles e espinhas, mistura-se
com batatas cozidas e bastante salsa cortada em pedaços, e passa-se
tudo pela máquina de picar. O polme resultante liga-se com leite e
gemas de ovos e tempera-se com um pouco de sal fino e pimenta em pó.
Bate-se a massa, à qual juntam-se as claras de ovos, previamente
batidas em castelo, liga-se tudo rapidamente, tira-se a massa às
colheradas, que tendem, fazendo-se passar de uma para outra, (as
colheres molham-se no azeite fervente em que os bolos hão de ser
fritos) e, em seguida e sucessivamente, põe a frigir. O azeite deve
ser abundante, para que os bolos mergulhem nele sem tocar o fundo.
Tiram-se do azeite com uma colher crivada e põem-se a escorrer. (…)
“
Mas
apesar do autor descrever a receita nos detalhes de seus ingredientes
e do modo de fazer, ele não descreve as proporções destes; mas
mesmo assim, notamos que esta receita serviu de base para todas as
outras que existem nos dias de hoje.
Essa
receita recebi de minha mãe, que por sua vez também recebeu de sua
mãe. É um pouco diferente do que a receita do Carlos ensina, mas
como é prática, imagino que vocês possam gostar de fazê-la e
principalmente de comê-la!
Um
detalhe importantíssimo, é a escolha do bacalhau. Algumas pessoas
usam o ling, que mais barato; porém, é mais fibroso. Eu
prefiro usar lascas de bacalhau do porto, que normalmente são
encontradas nos supermercados e têm uma relação custo benefício
bem em conta – não têm tanto fiapo e você sente melhor o sabor
do bacalhau.
Ingredientes
500
g de lascas de bacalhau do porto
1
generosa colher de salsinha picada
500
g de batata
1
cebola média picada
1
colher de café de noz moscada
Sal
a gosto
2
ovos
2
xícaras (chá) de farinha de rosca *
Óleo
de girassol para fritar
Modo de fazer
Dessalgue
o bacalhau de um dia para o outro, trocando a água de hora em hora.
Após
o dessalgue, escorra a água e leve-o à uma fervura em água quente
por aproximadamente 3 minutos. Retire o bacalhau e reserve o caldo.
Embrulhe
o bacalhau em um pano de prato e faça movimentos para a frente e
para trás, para desfiar o bacalhau. Ponha em uma tigela e junte a
salsinha. Reserve.
Cozinhe
as batatas em rodelas no caldo do bacalhau reservado e passe pelo
espremedor para transformar em purê. Atenção, para que o purê
tenha uma consistência mais espessa (não deve ficar mole).
Misture
o purê de batata com o bacalhau e acrescente a cebola. Tempere com a
noz moscada e corrija o sal se necessário. Incorpore os ovos
inteiros e misture até formar uma massa consistente.
Modele
os bolinhos com a ajuda de duas colheres de sopa e passe-os na
farinha de rosca e depois nas claras ligeiramente batidas.
Use
como medida, uma colher de sopa, para fazer os bolinhos. Enrole-os na
mão e leve para fritar. Você pode enrolar os bolinhos com a mão
molhada para evitar que grudem.
Em
uma panela, coloque o óleo, em uma quantidade suficiente para que o
bolinho flutue e não encoste não fundo. Frite aos poucos em óleo
bem quente e sirva em seguida.
*Para
quem não puder comer farinha de rosca por causa do glúten, use
somente 1 ovo no preparo da liga da massa, mantendo-a mais consistente.
Rendimento:
40 unidades pequenas
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