Tuesday, March 20, 2012

Comida para a alma

 

     Uma nova tendência na alimentação vem reunindo cada vez mais, novos adeptos. Um contraponto ao modismo (urbano, sejamos justos) do fast food, essa nova maneira de preparar os alimentos é um resgate ao que chamam de “cozinha emocional”; ou seja, a memória daquilo que nos deu prazer na infância; de situações agradáveis que nos trazem à lembrança, momentos inesquecíveis; aromas que tocam nossa memória afetiva; enfim, aquilo que nos dá conforto e nos faz sentir bem.
Deparei-me com um artigo bem interessante, que li na revista Casa e Comida, deste mês, que trata desse assunto. Com texto de Marília Scalzo, temos uma boa oportunidade de ler e refletir sobre o que comemos, como comemos, em que circunstância comemos determinados pratos, e de como nos sentimos ao saboreá-los.
O texto inicia citando Marcel Proust, que em uma de suas publicações – No Caminho de Swann – narra que o escritor francês põe na boca um pedaço de bolo doce, chamado madeleine, amolecido em infusão de tília. O gosto das duas coisas misturadas desperta sua memória e leva-o de volta ao passado, à sua infância na cidade de Combray.
Porém, ao comer um alimento que nos lembre da infância, podemos até sentir a paz e tranquilidade de que precisamos, mas também pode trazer sérios prejuízos à dieta, caso seja consumido rotineiramente (obesidade abdominal o que pode levar a doenças cardiovasculares, diabetes tipo II e acidente vascular cerebral, doenças cardiovasculares), pois nem sempre são alimentos saudáveis, depende do passado e da memória gustativa de cada um. Docinhos, salgadinhos, bolachas e outras guloseimas podem ser confort food! Como também, a lasanha, a torta de morango ou mesmo a banana com aveia e mel.
"Os nossos estudos sugerem que se aplica o conforto alimentar como travões de um elemento-chave do estresse crônico", diz estudo de Norman Pecoraro, PhD, professor de fisiologia da Universidade de Califórnia. E isso poderia explicar, ele diz, porque muitas vezes é procurado alívio em tais alimentos por pessoas com stress, ansiedade ou depressão. Ele também poderia ajudar a explicar a bulimia e outros transtornos alimentares.
Neste aspecto a nutrição destaca-se por não proibir ou eliminar estes alimentos que de certa forma oferecem bem estar aos indivíduos, mas orientar quanto, como e quando devem ser ingeridos e até mesmo adequações que possam ser feitas, de maneira a torná-los talvez mais saudáveis. O consumo do confort food deve ser direcionado para alimentos mais funcionais e naturais, oferecendo assim bem-estar e melhor qualidade de vida, com todo o prazer contemplado. Importante lembrar que, atualmente, o aumento da incidência de doenças coronárias, pressão arterial, obesidade e outras, estão ligadas à má alimentação no dia a dia e não pelo esporádico e equilibrado de preparações e/ou alimentos tão importantes na vida de cada um.

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