Ontem, minha amiga Erica Delgado, pediu a seu marido que lhe trouxesse coxinhas de galinha, para o lanche. Na hora me deu a idéia de trazer um pouco da história desse prato, tão comum aqui no Brasil e que é uma unanimidade de norte a sul, de leste a oeste do país. Se há alguém que não goste, raramente é encontrado.
Fui pesquisar, então, a origem desse "salgadinho" e encontrei no livro de Nadir Cavazin - Histórias e Receitas - a resposta ao que eu queria. Uma história interessante e que faz parte da história da culinária brasileira. Uma pérola!
História da Coxinha de Galinha
Oficialmente a história da cidade de Limeira registra duas vindas do Imperador Dom Pedro II e da Imperatriz Tereza Cristina a Limeira. Essas visitas formais teriam ocorrido uma em agosto de 1876, e outra, a mais demorada, em outubro de 1886, quando, após participarem da Missa da Matriz e recepção domiciliar por parte de cidadãos ilustres, foram hóspedes na Fazenda Morro Azul.
No entanto, contam os antigos que na informalidade era intenso o intercâmbio de habitantes desta região com a nobreza imperial. Existe, inclusive, um curioso relato, de difícil confirmação histórica, que na Fazenda Morro Azul vivia um menino, filho da Princesa Isabel e do Conde D’Eu, mantido longe da corte porque seria considerado deficiente mental. Essa criança exigia intensos cuidados na alimentação “Quando cismava em não comer” explicavam os antigos moradores “dava um trabalho danado! Por outro lado, se apreciava um alimento, não havia o que chegasse! Queria mais e mais! As coxas de galinha constituíam a sua predileção. O peito, as asas e os demais pedaços eram rejeitados e servidos as outras pessoas”.
A cozinheira da fazenda, certa vez, não tendo o número suficiente de frangos “no ponto” e prevendo a gritaria do menino pela falta de sua apreciada comida, resolveu transformar uma galinha inteira em coxas. Preparou a seu modo a receita e o sucesso foi total. O filho da Princesa gostou tanto que as “coxinhas de galinha” passaram a fazer parte de suas refeições. A Imperatriz, quando veio a Limeira quis saber tudo sobre seu neto e ao observar com que prazer o pequenino saboreava a iguaria, não resistiu – provou, gostou e solicitou que o modo de preparo fosse fornecido ao Mestre da cozinha imperial. Assim, a humilde coxinha de galinha teve seu tempo de nobreza pelo acesso à Corte, e Altos Salões, graças a esta receita “provada e aprovada por especial indicação de Sua Majestade Imperial, a Imperatriz Tereza Cristina”.