Foto: Alex Silva |
Neste fim de semana, ganhei
de um amigo, vários exemplares de uma famosa revista brasileira de culinária; e
claro, aproveitei o presente para me debruçar sobre elas e conferir o que tinha
de bom.
Achei uma matéria muito
interessante, que trazia um tema muito interessante e que realmente, eu ainda
não havia ouvido falar. Tratava de um tubérculo chamado mangarito, muito utilizado na culinária caipira (principalmente
pela população do interior do Brasil) Uma batata tipicamente brasileira que
praticamente foi extinta por não ter perdido espaço de comercialização para a
batata-inglesa (a batatinha, como também é conhecida em algumas regiões).
O mangarito teve seu
primeiro registro feito em 1587, por Gabriel Soares de Sousa, em seu Tratado Descritivo do Brasil. Em 1625,
foi novamente descrita em outra publicação – Tratado da Terra e Gente do Brasil, de autoria do padre jesuíta
Fernão Cardim. Sendo consumido pelos índios, porém, muito antes da descoberta
do Brasil.
De sabor amendoado, o
mangarito é também conhecido por mangarás tornou-se raridade nos mercados
brasileiros; da mesma família do inhame e da taioba; são utilizados na
culinária, fritos, cozidos, em forma de purê, sopa, bolinhos e assados.
João Lino, um produtor
paulista que desde a infância, teve como meta, resgatar a utilização deste
tubérculo, pode ser considerado como o reintrodutor do mangarito no cenário
gastronômico brasileiro. Culinaristas, gastrônomos, revistas e jornais, deram
destaque a este ingrediente tipicamente brasileiro.
É no município de
Embu-Guaçu, no entorno de São Paulo, que seu João teimou em plantar mangarito,
cujo formato lembra uma batata cheia de dedinhos, desde 1985. "Tem um
sabor precioso, que lembra castanha portuguesa e é inesquecível", comenta.
A Chef Mara Salles, do
restaurante Tordesilhas, em São Paulo, usa o mangarito desde 2007, divulgando
este inusitado ingrediente em diversas receitas. Faz questão de limpá-los um a
um, cozinhando-os em seguida e comendo-os simplesmente passados na manteiga. “Também
são ótima companhia para assados, frangos ensopados e carnes de panela”, ensina
Mara, que também faz nhoque de mangarito. “Mas a receita que mais surpreendeu
meus clientes foi a do ceviche de peixe branco com pimentas amazônicas e mangaritos
em melado de cana”, conta a chef.
Flocos de mangarito sobre o seu creme, prato elaborado pela chef Mara Salles, do restaurante Tordesilhas. Foto de Marcos Issa |
João Lino, incentiva as
pessoas a plantarem os rizomas para evitar a extinção da planta. “Eu costumo brincar com quem me liga para fazer pedidos
dizendo que eu não vendo para comerem, mas sim para plantarem”, comenta. Porém,
poucos são os que conseguem com sucesso produzir o mangarito. Segundo Lino
porque o cultivo é trabalhoso. “É uma planta que gosta de regiões de baixada e
de terra fofa, com boa adubação e irrigada com cuidado, pois não vai bem em
terra encharcada. Além disso, a colheita é delicada. Se ele for colhido úmido
apodrece muito rapidamente”.
Para o coordenador técnico
da área de hortaliças da Emater-MG, Georgeton Silveira a questão comercial é a
principal responsável pela queda drástica do cultivo do mangarito. “Ao longo
dos anos os produtores foram optando por hortaliças de propagação mais fácil,
mais produtivas e que são consequentemente mais lucrativas”, analisa. Silveira
conta que há dois anos a Emater-MG, em parceria com a Embrapa, deu início, em
Sete Lagoas (MG), a um trabalho de preservação de diversas espécies de
hortaliças não convencionais. Além do mangarito, estão sendo propagadas em
hortas a araruta, o inhame, o jambu, entre outros. “Criamos bancos de
multiplicação e em breve teremos material suficiente para distribuir paras as
comunidades locais que tiverem interesse em cultivar essas plantas.”
mangarito temos mudas para plantio
ReplyDeleteagroruralmf@gmail.com
Bom saber! Vocês estãoa qui no Brasil? Em que estado?
DeleteA-do-ro o inesquecível mangarito. Nunca mais encontrei. Comia na fazenda do meu avô, há 70 anos. Por favor, protejam-no!
ReplyDeleteAcabei de comprar na feira de organicos, aqui em São José dos Campos, vou preparar e conhecer o sabor dessa iguaria ricamente comentada entre os amigos.
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