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Friday, May 25, 2012

Bolo Souza Leão - uma receita bem brasileira

 

Entre os anos de 1996 e 1998, passei um bom tempo indo a Pernambuco, a trabalho. Fiquei trabalhando em uma cidadezinha muito pitoresca e agradável, no litoral sul, chamada Tamandaré, e lá pude ter contato com a cultura local, principalmente na culinária. Receitas interessantes é que não faltavam. Sempre tinha alguma coisa que eu não conhecia ou se conhecia não sabia exatamente como fazer. Dentre essas receitas uma se destacou, pois apesar de eu não ser muito chegado a doces, esta mereceu minha atenção, tanto pela sua história quanto pela delícia de seu sabor. O Bolo Souza Leão.
É considerado um dos mais antigos da extensa lista de doces brasileiros, além de ter o título de Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado de Pernambuco.
Acredita-se que a receita já seja conhecida há 140 anos e tenha sido introduzida na história da culinária pernambucana por intermédio de Dona Rita de Cássia Souza Leão Bezerra Cavalcanti, esposa de um coronel proprietário de engenhos na região de Jaboatão dos Guararapes.
A iguaria é preparada segundo uma receita que inclui mandioca, leite de coco, açúcar, manteiga e ovos. O resultado é um bolo cremoso, com a consistência de um pudim muito firme. Alguns dos ingredientes do Bolo Souza Leão eram originalmente europeus. Estes, com o passar do tempo, foram substituídos por produtos nacionais, facilmente encontráveis na região. O trigo deu lugar à massa de mandioca e a manteiga francesa foi trocada por aquela produzida na própria cozinha do engenho.
O nome do bolo vem da família pernambucana Souza Leão, que teria sido a criadora da receita no século XIX. Essa família tem suas raízes nos municípios de Jaboatão dos Guararapes e Moreno.
Tradicionalmente, o Bolo Souza Leão é servido em ocasiões especiais, tendo-se apuro não só na escolha dos ingredientes e no preparo, como também no esmero em servi-lo. O costume é apresentar a iguaria em louças e porcelanas finas, com utensílios de prata e cristal. Contam que ele foi servido ao imperador Dom Pedro II e à sua esposa Tereza Cristina em 1859, quando passaram pelo estado de Pernambuco.
Devido à expansão dos ramos da família Souza Leão ao longo do tempo, muitas variações da receita são disputadas como sendo as melhores e originais. Essas variações se constituem na alteração das quantidades dos ingredientes principais ou no acréscimo de especiarias, como canela, erva-doce, e castanha-de-caju.
Uma das herdeiras do ramo Souza Leão, D. Lígia de Souza Leão, publicou o livro Receitas Selecionadas, aonde que ela resgata, segundo ela, a verdadeira receita do bolo. “Até então, o que havia eram imitações”, diz ela.
Então, se Dom Pedro II gostou do bolo, tenho certeza de que vocês irão gostar também.


Ingredientes

6 xícaras de leite de coco (de preferência faça com o coco natural)
2 xícaras de água
2 xícaras de manteiga
1 kg de açúcar
1 kg de massa de mandioca
18 gemas
1 pitada de sal

Fazendo

Leve o açúcar com a água ao fogo alto (200ºC), mexendo até dissolvê-lo. Pare de mexer e deixe ferver por 8 minutos ou até a calda atingir o ponto de fio (esfrie um pouco e pegue com os dedos. Ao afastá-los deve se formar um fio). Retire do fogo e acrescente a manteiga. Misture até derretê-la. Deixe esfriar completamente.
Lave, escorra e peneire a massa de mandioca. Junte as gemas e bata por 5 minutos. Ponha o leite de coco e o sal e misture até ficar homogêneo.
Adicione a calda de açúcar com manteiga. Misture.
Aqueça o forno em temperatura média. Passe a massa por uma peneira bem fina de oito a dez vezes, até não restar mais nenhum resíduo.
Forre o fundo da forma com papel-manteiga. Unte o papel e a lateral da forma com bastante manteiga.
Ponha a massa e asse por 1 hora e 20 minutos ou até que, ao enfiar um palito, ele saia limpo. Desenforme quando estiver morno.

Monday, April 16, 2012

Comida de Boteco - Chambaril / Osso Buco


    A primeira vez que eu comi este prato, já tinha passado dos 20 anos. Até então, não tinha tido a oportunidade de degustar esta iguaria. O termo chambaril, é mais usado no nordeste do Brasil, denominando o músculo da perna do boi - o corte acima da canela e abaixo do joelho - ou seja, é um músculo com osso. Os italianos o conhecem por osso buco, que significa literalmente, "osso furado".
      O interessante é que a minha "estréia" não foi em um restaurante italiano ou outro mais requintado. Foi em uma feira livre, em uma cidade próxima a Brasília, chamada Feira do Guará. Atendendo a um convite de um colega de trabalho, o Barbozinha, fui conhecer o tal chambaril nordestino.
     Posso dizer que foi uma grata surpresa, pois ao chegar lá, me deparei com um boteco, daqueles bem simples, montado em um box na feira, com uma variedade de comidas típicas nordestinas e goianas. Tinha de tudo ali, Buchada de bode, carne-de-sol, mocotó, panelada (um espécie de feijoada, feita com favas), sarapatel, galinhada, arroz com pequi, e uma infinidade de outros pratos bem com calorias suficientes para engordar só de olhar.
     Barbozinha, freguês antigo, me apresentou a D. Jurema, pernambuca de uns 60 anos e com mais de 30 anos morando em Brasília. É a dona do boteco e a chef de cozinha do boteco. Disse-lhe que era a primeira vez que eu comeria chambaril e ela então, fez questão de me servir. Colocou no prato uma porção generosa de polenta mole, e uma porção do músculo com osso. Não havia necessidade de arroz, a não ser que eu fizesse questão; e uma boa pimenta malagueta (daquelas que ficam mais de 3 anos curtindo no azeite) daria o toque final.
     Simplesmente fantástico! A carne macia - resultado de seu cozimento em panela de pressão - desmanchava-se em minha boca. A polenta quentinha, fazia o acompanhamento perfeito. Fiquei fã, naquele momento!
     S forma de fazer o chambaril, é simples, o que vamos encontrar de diferente, são os ingredientes no seu preparo, variando de uma região para outra e da sofisticação que se queira dar.
     Vamos à receita? Anotem.

Ingredientes

4 ossos bucos
1 colher (sopa) de azeite
1 cebola grande picadinha
1 tomate vermelhinho em cubos
3 dentes de alho picadinhos
1 pimenta dedo de moça picadinha (opcional)
300 ml de vinho tinto seco
sal a gosto
água quente suficiente para cozinhar a carne
Ervas finas para finalizar

Modo de fazer

Em um saco plástico para cozinhar alimentos, coloque a carne, a cebola, o alho, a pimenta, o sal e o vinho; deixe marinando na geladeira durante a noite. Aqueça o azeite numa panela de pressão, e retire a carne da marinada (reserve a marinada) e refogue a carne até dourar bem e dourar também o fundo da panela. Acrescente a marinada o tomate e água quente o suficiente para cozinhar a carne, tampe a panela e deixe cozinhar, por 40 minutos. Olhe na metade do tempo, se necessita de mais água. Assim que estiver bem cozida retire da panela sirva com a polenta finalizando com ervas de sua preferência - tomilho, erva-doce, salsinha, ou outras.


Polenta

Ingredientes

2 colheres de sopa de manteiga
1 colher de sopa de cebola picadinha
1 litro de água
2½ xícaras  de chá de fubá de milho
sal a gosto
200 ml de creme de leite
50 g de queijo parmesão ralado
Modo de fazer
Em uma panela aqueça a manteiga e refogue a cebola. Junte a água (reserve um pouco) e deixe ferver. Adicione o fubá misturado com a água reservada e o sal. Mexa bem até engrossar e cozinhar bem o fubá, cuidando para não encaroçar. Desligue o fogo acrescente o creme de leite e o queijo ralado e misture bem.