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Friday, January 23, 2015

A Culinária e a Música Popular Brasileira - João Bosco


João Bosco de Freitas Mucci, mais conhecido como João Bosco, mineiro de Ponte Nova, tem uma trabalho rico na MPB. Suas músicas – mais de cem – com seu mais frequente parceiro, Aldir Blanc, marcaram uma década de ouro nos anos 80; indo muito mais além, por serem preciosas poesias do cotidiano carioca.
O interessante é que sempre que ouvi João Bosco, me identifiquei com sua maneira gostosa de interpretar suas canções. Externando um sentimento típico de suas origens libanesas, mas com um jeito mineiro miscigenado com a malandragem carioca.
Escolhi esta música, por sua originalidade em representar tão bem, a culinária brasileira. E cá pra nós, difícil não se deixar contagiar por esta música. Então, afaste o sofá da sala, aumente e som e bora sambar que a comida está servida!
Com vocês, João Bosco!


Linha de Passe

Toca de tatu, lingüiça e paio e boi zebu
Rabada com angu, rabo-de-saia
Naco de peru, lombo de porco com tutu
E bolo de fubá, barriga d'água
Há um diz que tem e no balaio tem também
Um som bordão bordando o som, dedão, violação

Diz um diz que viu e no balaio viu também
Um pega lá no toma-lá-dá-cá, do samba
Um caldo de feijão, um vatapá, e coração
Boca de siri, um namorado e um mexilhão
Água de benzê, linha de passe e chimarrão
Babaluaê, rabo de arraia e confusão...
...
Eh, yeah, yeah . . .
(Valeu, valeu, Dirceu do seu gado deu...)
Cana e cafuné, fandango e cassulê

Sereno e pé no chão, bala, camdomblé

E o meu café, cadê? Não tem, vai pão com pão
Já era Tirolesa, o Garrincha, a Galeria
A Mayrink Veiga, o Vai-da-Valsa, e hoje em dia
Rola a bola, é sola, esfola, cola, é pau a pau
E lá vem Portela que nem Marquês de Pombal
Mal, isso assim vai mal, mas viva o carnaval
Lights e sarongs, bondes, louras, King-Kongs
Meu pirão primeiro é muita marmelada

Puxa saco, cata-resto, pato, jogo-de-cabresto
E a pedalada

Quebra outro nariz, na cara do juiz
Aí, e há quem faça uma cachorrada
E fique na banheira, ou jogue pra torcida
Feliz da vida

Toca de tatu, lingüiça e paio e boi zebu
Rabada com angu, rabo-de-saia
Naco de peru, lombo de porco com tutu
E bolo de fubá, barriga d'água

Há um diz que tem e no balaio tem também
Um som bordão bordando o som, dedão, violação
Diz um diz que viu e no balaio viu também
Um pega lá no toma-lá-dá-cá do samba

Monday, May 21, 2012

A Culinária na Música Popular Brasileira - 8



Sob a inspiração de meu amigo Zé Drink's, que em seu aniversário, teve o privilégio de ter a presença de um dos maiores compositores da MPB, aproveitei para falar de Hildemar Diniz, mais conhecido por Monarco.
De linhagem nobre no samba, Monarco foi discípulo de Paulo da Portela, autor de músicas com melodias apuradas, de letras de qualidade louvável, figura entre os maiores sambistas da história.
Entre seus grandes sucessos estão "Vida de Rainha", "Passado de Glória" e "Coração em Desalinho", parceria com Ratinho de Pilares, gravada por Zeca Pagodinho e que atingiu imenso apelo popular. Em 1999 a cantora Marisa Monte convidou Monarco e a Velha Guarda da Portela para o CD "Tudo Azul", de sua produção, que contou com participação de Paulinho da Viola e Zeca Pagodinho. 
Destacamos uma de suas músicas que diz respeito ao universo culinário e que na voz de Beth Carvalho fez sucesso na década de 80.

O Quitandeiro

 

Monarco


Quitandeiro leva cheiro e tomate
Pra casa do Chocolate que hoje vai ter macarrão
Prepara a barriga macacada
Que a boia tá enfezada e o pagode fica bom

Chega só 30 litros de uca
Para fechar a butuca
Desses negos beberrão
Chocolate, tu avisa a crioula
Que carregue na cebola e no queijo parmesão (BIS)

Mas não se esqueça
De avisar a nêga Estela
Que o pessoal da Portela
Vai cantar partido alto
Vai ter pagode até o dia amanhecer
E os versos de improviso
Serão em homenagem à você

Quitandeiro leva cheiro e tomate
Pra casa do Chocolate que hoje vai ter macarrão
Prepara a barriga macacada
Que a boia tá enfezada e o pagode fica bom

Chega só 30 litros de uca
Para fechar a butuca
Desses negos beberrão
Chocolate, tu avisa a crioula
Que carregue na cebola e no queijo parmesão.

Sunday, April 29, 2012

A Culinária e a Música Popular Brasileira 5 - João Nogueira

 

    Saudades de João Nogueira. Compositor carioca que me cativou com suas músicas, em parceria com Paulo César Pinheiro. Isso ainda jovem estudante de arquitetura, nos anos 70, lá ia eu para os ensaios da Portela na saudosa sede náutica do clube Botafogo, no Mourisco, no Rio de Janeiro, ver e ouvir aquele portelense apaixonado, cantar suas músicas. Mário Jorge, amigo de infância, foi o primeiro a me mostrar as músicas deste sambista maior. 
     Minha homenagem a João, de sobrenome Nogueira, madeira de lei com alma de poeta.

Pimenta No Vatapá
João Nogueira

Agora, meu Deus, o que eu faço agora?
Não era a hora de me deixar
Morena, você foi embora
Ardeu e eu fiquei a chorar
Pimenta demais pro meu vatapá

Agora, meu Deus, o que eu faço agora?
Não era a hora de me deixar
Morena, você foi embora
Ardeu e eu fiquei a chorar
Pimenta demais pro meu vatapá

O meu coração parou
E até calou o meu sabiá
Meu verso se apagou
Desacreditou o tal verbo amar

Agora você quer voltar
E eu é que vou aplicar
Pimenta demais no seu vatapá

Agora você quer voltar
E eu é que vou aplicar
Pimenta demais no seu vatapá
vai arder prá daná!

Thursday, April 26, 2012

A Culinária e a Música Popular Brasileira 4 - Dorival Caymmi


   Dorival Caymmi. Um dos maiores compositores contemporâneos que o Brasil já teve. Suas composições sempre ilustraram o universo da Bahia. Bahia de todos os santos e orixás. Bahia da explícita miscigenação brasileira, exemplificada na alegria deste povo tão...do seu jeito peculiar de ser.
    Escolhi esta música, por ela além de cantar as delícias da culinária baiana, ela tem o dom de nos transportar no imaginário e praticamente ver a imagem que ele descreve. Com vocês, Dorival. 
    Saravá, poeta!
  
Vatapá

Dorival Caymmi


Quem quiser vatapá, ô
Que procure fazer
Primeiro o fubá
Depois o dendê

Procure uma nêga baiana, ô
Que saiba mexer
Que saiba mexer
Que saiba mexer

Procure uma nêga baiana, ô
Que saiba mexer
Que saiba mexer
Que saiba mexer

Bota castanha de caju
Um bocadinho mais
Pimenta malagueta
Um bocadinho mais

Bota castanha de caju
Um bocadinho mais
Pimenta malagueta
Um bocadinho mais

Amendoim, camarão, rala um coco
Na hora de machucar
Sal com gengibre e cebola, Iaiá
Na hora de temperar

Não para de mexer, ô
Que é pra não embolar
Panela no fogo
Não deixa queimar

Com qualquer dez mil réis e uma nêga ô
Se faz um vatapá
Se faz um vatapá
Que bom vatapá

Bota castanha de caju
Um bocadinho mais
Pimenta malagueta
Um bocadinho mais

Bota castanha de caju
Um bocadinho mais
Pimenta malagueta
Um bocadinho mais

Amendoim, camarão, rala um coco
Na hora de machucar
Sal com gengibre e cebola

Na hora de temperar

Não para de mexer, ô
Que é pra não embolar
Panela no fogo
Não deixa queimar

Com qualquer dez mil réis e uma nêga ô
Se faz um vatapá
Se faz um vatapá
Que bom vatapá 

Wednesday, April 11, 2012

A culinária na música popular brasileira - 3




Feijoada Completa

Chico Buarque


Mulher, você vai gostar:
Tô levando uns amigos pra conversar.
Eles vão com uma fome
Que nem me contem;
Eles vão com uma sede de anteontem.
Salta a cerveja estupidamente
Gelada pr'um batalhão
E vamos botar água no feijão.

Mulher, não vá se afobar;
Não tem que pôr a mesa, nem dá lugar.
Ponha os pratos no chão e o chão tá posto
E prepare as lingüiças pro tiragosto.
Uca, açúcar, cumbuca de gelo, limão
E vamos botar água no feijão.

Mulher, você vai fritar
Um montão de torresmo pra acompanhar:
Arroz branco, farofa e a malagueta;
A laranja-bahia ou da seleta.
Joga o paio, carne seca,
Toucinho no caldeirão
E vamos botar água no feijão.

Mulher, depois de salgar
Faça um bom refogado,
Que é pra engrossar.
Aproveite a gordura da frigideira
Pra melhor temperar a couve mineira.
Diz que tá dura, pendura
A fatura no nosso irmão
E vamos botar água no feijão.

Monday, April 9, 2012

A culinária na música popular brasileira - 2

 

   
    Ouvi a música de João Bosco, pela primeira vez, nos anos 70. Não lembro exatamente o ano, mas assim que o ouvi cantando, gostei de imediato. Compositor de extrema sensibilidade, com seu jeito peculiar de interpretar suas composições, dificilmente deixa alguém impassível; seja com as melodias mais românticas, seja com sambas gostosos de ouvir e que dá vontade de dançar. Parceiro de Aldir Blanc, letrista de 1ª qualidade, juntos fizeram diversas músicas que se tornaram clássicos da MPB, dentre elas, destaco essa a seguir, que tem a ver com nosso universo gastronômico.

Linha de Passe

João Bosco – Aldir Blanc

Toca de tatu, lingüiça e paio e boi zebu
Rabada com angu, rabo-de-saia
Naco de peru, lombo de porco com tutu
E bolo de fubá, barriga d'água
Há um diz que tem e no balaio tem também
Um som bordão bordando o som, dedão, violação

Diz um diz que viu e no balaio viu também
Um pega lá no toma-lá-dá-cá, do samba
Um caldo de feijão, um vatapá, e coração
Boca de siri, um namorado e um mexilhão
Água de benzê, linha de passe e chimarrão


Babaluaê, rabo de arraia e confusão...
...

Eh, yeah, yeah . . .
(Valeu, valeu, Dirceu do seu gado deu...)

Cana e cafuné, fandango e cassulê


Sereno e pé no chão, bala, camdomblé

E o meu café, cadê? Não tem, vai pão com pão

Já era Tirolesa, o Garrincha, a Galeria
A Mayrink Veiga, o Vai-da-Valsa, e hoje em dia
Rola a bola, é sola, esfola, cola, é pau a pau
E lá vem Portela que nem Marquês de Pombal
Mal, isso assim vai mal, mas viva o carnaval
Lights e sarongs, bondes, louras, King-Kongs
Meu pirão primeiro é muita marmelada

Puxa saco, cata-resto, pato, jogo-de-cabresto
E a pedalada

Quebra outro nariz, na cara do juiz
Aí, e há quem faça uma cachorrada
E fique na banheira, ou jogue pra torcida
Feliz da vida

Toca de tatu, lingüiça e paio e boi zebu
Rabada com angu, rabo-de-saia
Naco de peru, lombo de porco com tutu

E bolo de fubá, barriga d'água
Há um diz que tem e no balaio tem também
Um som bordão bordando o som, dedão, violação
Diz um diz que viu e no balaio viu também
Um pega lá no toma-lá-dá-cá do samba

Friday, March 30, 2012

A Culinária na Música Popular Brasileira - 1

 


   Inicio hoje, uma nova série de postagens que terá o nome: A Culinária na MPB
  Já era hora de trazer aos seguidores do blog, pérolas da música popular brasileira que colocaram seu pezinho lá na cozinha, trazendo a inspiração do universo gastronômico brasileiro.
   É bem comum, esta associação entre a gastronomia e a música, basta vermos a quantidade de barzinhos e restaurantes que oferecem música ao vivo. Pena que nem sempre as pessoas prestem atenção ao que o músico canta.
   Não é minha intenção mostrar vídeos do Youtube ou outro site de vídeo, pois nem sempre as músicas que apresentarei tem imagens de qualidade ou mesmo algum registro. O foco será a letra das músicas, a poesia literária de compositores de diferentes gerações e regiões do Brasil. Algumas divertidas, outras com conatações políticas, outras ainda retratando o cotidiano do brasileiro; enfim, uma coletânea de composições que ouvimos no dia a dia e nem percebemos que tratam de nossa cozinha.

by Lan
   A primeira da série, será do compositor Falcão, arquiteto e compositor cearense, que tem nas letras de suas músicas a irreverência nordestina. Falcão faz uma sátira bem humorada a respeito da alimentação natural. Que seja.


A Cura Da Homeopatia Pelo Processo Macrobiótico
Falcão

Eu vivia triste, encrisiado
Moribundo, empanzinado
Cheio de peitica, eu era um lascado
Vivia destiorado

Mas não era pra menos, eu só comia
Folha de pau, raiz e vagem
Mel de abelha e gergelim
Arroz integral
Bife de soja, pepaconha
Chá de boldo e própolis

Mas eu mudei minha alimentação
Graças ao Mané Bofão
E passei a comer seguindo a sua orientação

Panelada, buchada
Sarrabulho, tripa de porco
Fuçura, lingüiça, rabada miúdo
Bife, passarinha, mocotó, carne de lata
Chouriço, tutano, sarapatel
Mão de vaca

Hoje eu estou mudado
Bonito, lindo e joiado
Alegre, gordo e corado
Pareço um artista